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quinta-feira, março 23, 2006

Entrevista do Phillip Stark

O GLOBO: Para desenhar um hotel, os conceitos são os mesmos seguidos na criação de um ambiente residencial? PHILIPPE STARCK: Sim, eles têm exatamente a mesma importância. Sou o designer de uma tribo. Às vezes, esta tribo está em casa, às vezes está viajando. E tento dar à minha tribo os mesmos símbolos, o mesmo conforto, o mesmo ambiente mental que ela tem em sua casa com minha mobília, por exemplo. Mas em hotéis, a média de permanência de uma pessoa é entre uma hora, para tomar um drinque, e três dias. Então você precisa criar um ambiente mais poderoso para imprimir uma memória na mente dos visitantes. E tentar expor uma teoria sem ter que explicá-la, sem precisar dizer nada. Simplesmente “viva isso, experimente”! E, se você gostar, volte para casa e faça igual. Então a pessoa não tem que saber aproveitar o hotel e sim, digamos, viver uma experiência...

STARCK: Exatamente, viver uma experiência. E a principal experiência é poder voltar para casa e dizer: “Meu bem, estive em um lugar, não sei dizer qual era o estilo, mas me deu tanta energia...”.

“... que quero trazer isso para casa”? STARCK: É. E não somente para casa. Quero trazer para minha vida; recriar a minha vida, minha sociedade, minha civilização. Quero trabalhar. Porque trabalhar para a civilização é criar. Mais.

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Já estive no Delano (Miami) e no Faena Hotel + Universe (Buenos Aires). São deslumbrantes. No Delano, os ambientes amplos, os pés-direitos altíssimos. No Faena, ele recria o espírito art-deco de Buenos Aires de uma forma que transpira modernidade em todos os cantos. Quero dizer, é super-moderno, mas ao mesmo tempo você "vê" toda a tradição de Buenos Aires em cada detalhe. Tudo branco, vermelho e dourado. Cortinas de veludo vermelho até o chão. (As fotos deste post são todas do Faena.)